Aqueles diagnosticados como dependentes químicos, serão inseridos numa casa de acolhimento para tratar o vício
Começam a trabalhar na noite desta segunda-feira (20) os sete guardas municipais designados para integrar o Grupo de Atenção para a População em Situação de Rua, criado pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos, Segurança Comunitária e Cidadania por meio da Portaria nº 14 publicada no Diário Oficial do último sábado. A equipe, diariamente, irá às ruas para acompanhar a rotina dos sem teto, saber das necessidades das famílias que não tem casa para morar, detectar problemas de saúde, crianças que estão sem escola e diagnosticar quem são os dependentes químicos. Parte desses problemas será resolvida com a chegada de R$ 2 milhões liberados pelo Ministério da Saúde para o fortalecimento de políticas públicas de combate ao crack. O dinheiro deverá chegar nos próximos dias.
Para o secretário municipal de Direitos Humanos, Segurança Comunitária e Cidadania, a criação do Grupo vai ajudar a Prefeitura nas ações e atividades orientadoras e preventivas de segurança comunitária para o segmento social da população de rua, que, para Pedro Montenegro, continua sendo marginalizada, já que vive em situação de pobreza extrema, teve vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e sobrevive mesmo diante da inexistência de moradia convencional regular, utilizando assim, logradouros públicos e áreas degradadas como espaço de moradia e de sustento.
O Grupo será composto por sete guardas municipais, que passaram por um treinamento de 15 dias e foram escolhidos por terem perfil para atuar com esse segmento. Simone Maria Alves Lima vai coordenar os colegas Alex Almeida de Oliveira Alves, Jenilson Luiz dos Santos, João Sinane da Silva Junior, Jucyane Pereira dos Santos, Osmar dos Santos Lima e Dgina Calista da Silva, que exercerão suas funções com dedicação exclusiva visando à execução das atividades e dos serviços, sem prejuízos de seus vencimentos e vantagens.
A missão do Grupo
“Todos os dias teremos duas equipes rodando em Maceió, entre às 19h e meia-noite. Elas atuarão como cuidadoras dos sem teto. Vão trabalhar tentando diagnosticar os principais problemas enfrentados pelos moradores de rua, quais deles enfrentam problemas de saúde, quem tem filhos fora da escola, quais são os dependentes do crack e de outras drogas etc. Diante dessas informações, farão um relatório mensal e vão encaminhá-lo ao Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Municipal para a População em Situação de Rua. Assim, ficará mais fácil para aplicarmos as políticas públicas”, explicou Pedro Montenegro, esclarecendo que o Grupo não é um órgão de controle social, mas sim, de execução de ações.
“Valorização e respeito à vida e à cidadania, respeito à dignidade da pessoa humana, atendimento humanizado e universalizado e respeito às condições sociais e diferenças de origem, raça, idade, nacionalidade, gênero, orientação sexual e religiosa serão os princípios exigidos para que o trabalho possa ser desempenhado”, acrescentou o secretário.
Consultórios de rua
Os guardas municipais também vão ajudar na implantação e no desenvolvimento dos consultórios de ruas, um projeto que será financiado com recursos do Ministério da Saúde ainda este ano. Ele faz parte do programa nacional que prevê a ampliação e qualificação da rede de saúde mental do governo federal.
Para Maceió, serão destinados R$ 2 milhões. “Vamos montar os consultórios de rua, que serão destinados especialmente para os sem teto. Serão serviços prestados por uma equipe multidisciplinar que ajudará aos moradores de rua a cuidarem da saúde, inclusive, combatendo a dependência química. Também haverá a construção de duas casas de acolhimento temporário, uma casa para acolhimento infanto-juvenil e a ampliação do CAPs de Saúde Mental para o funcionamento 24 horas”, detalhou o secretário.
Para essa primeira etapa, a Secretaria Municipal de Saúde deverá receber R$ 1,1 milhão. Num segundo momento, a previsão é de mais R$ 900 mil para cursos de capacitação, oficinas de geração de renda para moradores de rua, dependentes químicos e pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade e contratação de supervisores para acompanhar as referidas atividades.
“O governo federal reconhece que a rede pública de saúde não contempla os sem teto com dependência química, por isso, aprovou o nosso projeto dos consultórios de rua. Essa população precisa ser tratada”, disse Pedro Montenegro, que deverá acompanhar o primeiro de trabalho dos guardas municiais nas ruas de Maceió.
Histórico
A Prefeitura de Maceió resolveu investir em ações de proteção aos moradores de rua depois do crescente número de assassinatos contra sem teto. Só este ano, 32 pessoas foram assassinadas e a Polícia Civil afirmou que conseguiu elucidar metade dos casos.
Segundo a direção-geral da instituição, a maior parte dos crimes teve envolvimento com o tráfico de drogas e brigas entre os próprios moradores de rua.
O delegado-geral Marcílio Barenco informou que já foram presos Cássio Cícero Damasceno, acusado de matar José Roberto Fragoso; Rodrigo Alexandre da Silva, que matou o flanelinha Wanderson Bezerra Félix; José Carlos Neves dos Santos, que responde pela morte de um jovem que era conhecido como ‘Fedorento’; José Everaldo da Silva, apontado como assassino de Adnelson Araújo da Silva e José Jorge da Silva, acusado de matar a companheira Patrícia Vicente da Silva, em Arapiraca.
Ainda segundo Barenco, o ex-policial civil Miguel Rocha Neto também está preso acusado de ter participado de dois assassinatos contra sem tetos, que ocorreram, respectivamente, nos bairros do Farol e Poço. E o diretor também afirmou que três policiais civis são investigados por participação na morte de um morador de rua conhecido por ‘Magníficos’, crime que aconteceu no bairro da Levada.
Foto: Jobison Barros
Por: Janaina Ribeiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário