Revista ‘Veja’ diz que João Dias teria negociado com funcionários da pasta.
Em nota, Ministério do Esporte questiona conteúdo mostrado do diálogo.
Uma conversa revelada nesta semana pela revista "Veja" mostra que o policial João Dias Ferreira, que acusa o ministro do Esporte, Orlando Silva, de comandar um esquema de corrupção, teria obtido auxílio de funcionários da pasta para "enganar" a fiscalização sobre convênios assinados com suas ONGs.
Em nota, o Ministério do Esporte questionou a apresentação da conversa e diz que pedirá à Polícia Federal para incorporar a gravação à investigação em andamento sobre o suposto esquema de desvio (leia abaixo).
A publicação transcreve diálogo de uma reunião, que teria ocorrido em abril de 2008 entre João Dias, Charles Rocha, então chefe de gabinete da Secretaria-Executiva do ministério, e Fábio Hansen, então chefe de gabinete da Secretaria de Esporte Educacional.
Segundo a revista, na conversa o policial reclamava com os servidores de um ofício do Ministério do Esporte encaminhado à Polícia Militar do DF descrevendo supostas irregularidades em convênios firmados com ONGs de João Dias dentro do programa Segundo Tempo, que tem o objetivo de promover atividades esportivas em comunidades carentes. O documento informa a cobrança de um ressarcimento de R$ 3 milhões pelos supostos desvios.
“A coisa fugiu do controle e por isso estamos abrindo uma outra frente. Isso é um absurdo, está tudo errado. Antes de mais nada está errado. Como é que você está sendo cobrado em R$ 3 milhões?” diz Fábio Hansen.
João Dias, de acordo com as transcrições reveladas pela “Veja”, afirma: “Nego está querendo colocar a mão no ministro. Porque se eu quisesse me livrar, pegar os caras certos, nós pegaríamos.”
Após horas de reunião, Fábio Hansen e Carlos Rocha parecem chegar a uma solução, de acordo com a reportagem.
“A gente pode mandar um ofício desconsiderando o que a gente mandou,” sugere Rocha. “Você faz três linhas pedindo a prorrogação do prazo”, completa Hansen, para então sugerir que o pedido de prazo seja feito “com data anterior à publicação”, o que configuraria fraude, segundo a reportagem.
“Imediatamente a gente faz isso, passa por fax. Para o mesmo que foi encaminhado o outro, e a gente manda um portador entregar (...) na mesma hora”, diz Hansen. De acordo com a revista, quatro dias depois da reunião, o ministério enviou à PM um documento pedindo que o anterior fosse desconsiderado.
Em nota, o Ministério do Esporte questionou o conteúdo das gravações transcritas pela revista "Veja", que segundo a pasta "utiliza uma suposta gravação e cita supostos trechos, partes de frases, palavras isoladas, com o intuito claro de induzir os leitores".
Informou ainda que o ministro Orlando Silva "determinou a imediata apuração das denúncias" e irá pedir que as "supostas gravações" sejam incorporadas ao inquérito da Polícia Federal que investiga repasses do programa Segundo Tempo. Quanto aos servidores citados, disse que "adotará os procedimentos administrativos cabíveis".
De acordo com a revista “Veja”, a pasta informou que não havia intenção de proteger Dias e disse que um terceiro documento informando sobre a abertura de uma auditoria nos convênios do policial foi enviado à PM.
Agnelo
Ainda segundo a revista, na mesma reunião, Hansen afirma que o atual governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, estava preocupado com a insatisfação de João Dias.
Ainda segundo a revista, na mesma reunião, Hansen afirma que o atual governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, estava preocupado com a insatisfação de João Dias.
“Nós conversamos com o Agnelo hoje. O Agnelo estava indignado. O Agnelo nos chamou de moleques hoje (...) Falou: ‘Vocês não sabem o estado em que está o João”, afirmou Hansen.
Na ocasião da conversa, Agnelo já havia repassado o comando do Ministério do Esporte a Orlando Silva.
Em nota o governador Agnelo Queiroz diz que "não há o que falar sobre "supostas citações" ao seu nome, feitas em "supostas conversas". "O governador Agnelo Queiroz citará judicialmente todos os que atacam seu patrimônio: seu nome, sua honra", afirma.
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