SÃO PAULO - A Prefeitura de São Paulo começou nesta segunda-feira a fechar bares na cracolândia, região central da capital. Pelo menos dez estabelecimentos baixaram as portas por causa da fiscalização ou por temer a ação dos agentes municipais. Os pontos comerciais fechados ficam situados nas Ruas Helvétia e Dino Bueno, na Luz.
Evelsond e Freitas/AE
Operação foi realizada nas ruas Helvétia e Dino Bueno
A administração municipal não informou quantos imóveis foram autuados e tiveram de suspender as atividades comerciais. A reportagem fez o levantamento enquanto acompanhou a operação dos agentes da Guarda Civil Metropolitana, da Subprefeitura da Sé e da Vigilância Sanitária. No fim da tarde de ontem, a maioria dos bares da área estava com as portas fechadas.
Segundo a Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, a ação dá prosseguimento à Operação Centro Legal na cracolândia. Com a área tomada pela Polícia Militar, a administração municipal agora pode realizar serviços que antes eram inviabilizados pela presença dos usuários de crack e traficantes. Guardas municipais contaram à reportagem que a ideia era fechar bares para afastar a presença de viciados.
A medida afetou, porém, proprietários de pequenos estabelecimentos, como Renata Soares, de 28 anos, dona de um bar na Rua Helvétia. "Eles alegaram que há problemas de fiação, mas está tudo certo por aqui", afirmou. "Disseram que tinha barata na geladeira, mas não tinha." Ela agora deve ir até a Prefeitura para fazer o requerimento de obtenção de licença de funcionamento.
Segurança e higiene. Os donos dos bares fechados afirmaram ao Estado que os agentes cobraram medidas para melhorar segurança e higiene.
Um boliviano, proprietário de uma lanchonete na Rua Helvétia, foi obrigado a fechar porque morava no local. Um outro bar na Rua Dino Bueno teve de baixar as portas porque fica no mesmo prédio de um hotel que foi emparedado.
Segundo a Secretaria das Subprefeituras, até anteontem haviam sido emparedados 17 imóveis. Outros dez foram intimados a apresentar licença e um foi interditado. Seis casarões foram demolidos.
Donos de comércios emparedados afirmam não ter tido tempo para retirar seus pertences. "Não me falaram nada, mandaram sair e pronto", disse Flávio de Jesus, de 36 anos, dono de uma pensão onde viviam cerca de 30 pessoas.
O subprefeito da Sé, Nevoral Alves Bucheroni, informou que também seria feita fiscalização das calçadas. Nos locais que não se adaptarem após orientação e multa, a própria subprefeitura vai fazer a reforma e cobrar dos proprietários. "Nosso objetivo não é só arrumar calçadas, é tratar a parte de acessibilidade."
Balanço. Até segunda haviam sido presas 154 pessoas e outras 46 foram capturadas. Cerca de 3,5 kg de crack foram apreendidos, além de 15 kg de cocaína e 43 kg de maconha. Na área da saúde, houve 113 pessoas internadas e 553 encaminhadas para serviços da rede pública.
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