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18 de janeiro de 2012

Equipes suspendem buscas em navio naufragado na Itália

Operação de resgate foi paralisada devido a movimento da embarcação detectado por sensores colocados no navio

iG São Paulo


As equipes de resgate que trabalharam para encontrar vítimas do navio Costa Concordia, que se chocou contra rochas e tombou perto da ilha de Giglio, na Itália, suspenderam suas operações depois que a embarcação se movimentou.
Foto: AP
O navio Costa Concordia continua próximo da ilha de Giglio, 
Toscana, na Itália
Sensores acoplados ao navio detectaram os movimentos na manhã desta quarta-feira, forçando a paralisação das oprações, embora os bombeiros que passaram a noite fazendo buscas na área não detectaram qualquer deslocamento da embarcação.
"Como uma medida de prevenção, nós paramos as operações nesta manhça, para verificar os dados dos nossos detectores, e entender se houve realmente uma movimentação, e se houve uma, quão grande é", disse o comandante da guarda costeira Filippo Marini.
Oficiais esperam retornar o trabalho de busca em breve, mas não há previsão. Na terça-feira, cinco corpos foram encontrados, elevando o número de vítimas fatais da tragédia para 11, e 24 pessoas seguem desaparecidas. Os corpos foram encontrados depois que mergulhadores realizaramexplosões controladas no casco para permitir um melhor acesso através dos buracos.
Há temores por parte da guarda costeira que o navio "escorregue" e afunde nas profundezas do mar Tirreno. "No momento, não podemos nem chegar perto", informou o porta-voz dos bombeiros, Luca Cari.

De acordo com os relatos publicados pela imprensa italiana, em uma conversa com a guarda costeira várias horas após o navio se chocar com a rocha que provocou seu naufrágio, Schettino dá respostas evasivas, sugerindo que não estava no controle da retirada dos ocupantes do navio.
A guarda costeira perguntou ao capitão quantas pessoas ainda estavam a bordo. Embora a embarcação estivesse cheia, o comandante respondeu que apenas entre 200 e 300.

Além das equipes de resgate, que vão começar as operações até que as buscas sejam encerradas, um corpo especialista da empresa holandesa Smit deve iniciar a perfuração do navio para alcançar os 17 tanques que armazenam mais de 2 toneladas de combustível. De acordo com a empresa, esse trabalho pode levar semanas.
Especialistas ouvidos pela BBC acreditam que há pouco risco de um vazamento maior de combustível que chegue a contaminar o local.
Uma juíza italiana decretou na terça-feira prisão domiciliar contra o capitão do navio Costa Concordia, Francesco Schettino. Ele é acusado de homicídio culposo múltiplo (sem intenção de matar), naufrágio e abandono do navio, crimes pelos quais pode ser condenado a até 15 anos
Segundo a agência AFP, que cita fontes da imprensa italiana, Schettino, que havia sidodetido preventivamente no sábado, foi libertado durante a noite e levado a Meta di Sorrento, no sul da Itália, onde cumprirá a prisão domiciliar.
Schettino chegou à sua casa de Meta di Sorrento às 2h no horário local (23h de Brasília) escoltado por policiais. Ele entrou em seu domicílio por uma passagem secundária para evitar os fotógrafos e repórteres.
A decisão da juíza do Tribunal de Grossetto, Valéria Montesarchio foi tomada após três horas de interrogatório no qual, de acordo com o advogado de Schettino, o capitão manteve sua inocência. "Ele defendeu seu papel na direção do navio depois da colisão, o que, em sua opinião, salvou centenas, senão milhares de vidas", disse o seu advogado, Bruno Leporatti.
Ele reiterou que não abandonou o navio após o tombamento. Em seu depoimento, segundo o jornal italiano Corriere della Sera, Schettino afirmou que foi lançado ao mar em algum momento depois do choque e não conseguiu voltar à embarcação pelo fato de ela ter ficado em um ângulo de 90º após a colisão.
O depoimento do comandante ocorreu no mesmo dia em que foram reveladas gravações da caixa preta do navio e de ligações telefônicas obtidas pela imprensa italiana que indicam que ele teria ignorado uma ordem da guarda costeira italiana para retornar ao navio e coordenar a retirada dos passageiros e tripulantes.

A resposta levantou suspeitas e a guarda costeira perguntou se ele tinha deixado o navio. Schettino teria dito que sim. "O que você está fazendo? Está abandonando o resgate? Capitão, isto é uma ordem, estou no comando agora. Você declarou 'abandonar o navio'", afirma o oficial da guarda costeira a Schettino em determinado momento da conversa.
Ao ouvir do oficial que já havia corpos de mortos encontrados, Schettino pergunta quantos e ouve como resposta: "Isso é para você me dizer. O que você está fazendo? Quer ir para casa?", questiona o interlocutor.
O Costa Concordia naufragou na costa italiana na noite de sexta-feira, com mais de 4,2 mil a bordo, incluindo cerca de mil tripulantes.
Com AP, Reuters e BBC

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